Copos, será frescura? - Parte 1

Será?

A princípio podemos pensar, claro que é. Uns vão dizer: Eu vou todos os dias no boteco e tomo minha breja estupidamente gelada e é sempre no mesmo copo.

Sim, você está certo, mas também está errado. É o que diz o ditado, cada coisa no seu devido lugar.

Se você for na Bélgica vai ver que cada cerveja é servida no seu respectivo copo. O sommelier de cerveja Mauricio Beltramelli conta que em uma viagem à Bélgica não pode tomar a tão esperada cerveja, pois o garçom informou que o copo daquela cerveja havia quebrado e ele não poderia servir em outro, tamanho o respeito que eles nutrem pela cerveja.

Cada estilo de cerveja tem um copo próprio, pois dessa forma o aroma, a cor e o sabor da breja será devidamente ressaltado. E creia, existem muitos outros tipos de cerveja além da loira gelada do boteco.

Mas chega de delongas e vamos falar sobre o que interessa, copos.

Pilsner: No Brasil, é errônea e popularmente chamado de "tulipa". Popularizou-se na Europa a partir da década de 1930, refletindo o espírito art déco típico da época. Tem perfil estreito, possibilitando a observação das cervejas mais claras. A boca, mais larga do que a base, é assim desenhada para que, conforme se esvazia o copo, a espuma seja retida por mais tempo.

Lager: É mais conhecido entre nós como "copo de chope" ou, ainda erroneamente, "tulipa". Ele se parece com o copo weizen, só que com o mesmo tamanho e a mesma função do copo pilsner.

Caldereta ou shaker: No Brasil, também é popularmente chamado de "americano". O nome oficial, shaker, deriva da semelhança com o copo metálico próprio da coqueteleira. Não foi um copo desenhado para se beber cerveja propriamente, já que não evidência os aromas, mas, a partir da década de 1980, passou a ser usado em bares por causa da sua versatilidade. Com o tempo, associou-se ao serviço de cervejas do estilo índia pale ale (IPA).

Nonick: Raro no Brasil, é um copo típico dos pubs britânicos. Faz sentido: enquanto bebe em pé - ato comum nesses estabelecimentos -, o bebedor segura logo abaixo do seu leve "calombo", evitando que o copo escorregue das mãos e se espatife no chão.

Pint: É um tradicionalíssimo copo para stout irlandesas, como a Guinness. Historicamente, seu volume correspondia a exatos 551 mililitros, estabelecido pela Lei de Pesos e Medidos britânicas de 1824 (o chamado pint imperial). Hoje, porém, com a disseminação do estilo do copo, há pints no mundo todo e com as mais diversas medidas de volume. Seu projeto de formato teve a mesma motivação do nonick.

Weizen: Com volume de 500 mililitros, é o copo por excelência das cervejas do estilo weissbier, ou de trigo. Em geral, é adornado com a logomarca da cervejaria e com uma inscrição quase a sua borda indicando o que pode ser liquido e o que pode ser espuma. Nos bares de cervejas especiais aqui no Brasil e especialmente na Alemanha, cujas garrafas são sempre do mesmo volume do copo, o serviço se dá colocando-se o líquido com o recipiente inclinado, procurando fazer pouca espuma no início. Quando a cerveja estiver quase toda dentro do copo, pousa-se o copo na mesa e gira-se algumas vezes a garrafa a fim de que os fermentos que se depositaram no fundo - e que são consumíveis - possam ser degustados. Nesta última etapa, deita-se a cerveja ao copo com mais rapidez, a fim de criar um creme alto. Possui o formato alto característico para que, após cada gole, o líquido retorne com rapidez para o fundo, revolvendo-se e mantendo em permanente suspensão as partículas da levedura.

Tulipa: Surgido no final do século XIX, o modelo pode ser usado por qualquer estilo de cerveja. Seu interior bojudo permite observar a cor do líquido em sua exuberância, e a boca estreita favorece a retenção da espuma. O conjunto possibilita que o degustador beba o líquido sem, no entanto, precisar ganhar o "bigode de espuma". Seu nome, claro, deriva do formato da flor homônima.


Bom, por hoje é isso. Amanhã posto a segunda parte com o restante dos copos ;)

Obs: A descrição dos copos foram retiradas do livro Cerveja: Brejas e Birras do autor Mauricio Beltramelli.